terça-feira, 21 de maio de 2013

O Clichê Da Literatura Fantástica

Achei essa opinião/matéria interessante:

Nos  proto-mundos e proto-histórias de fantasia, existe, por parte de alguns leitores, um excessivo cuidado de não cair nos famigerados clichês.  No mundo da fantasia, é comum encontrarmos seres especiais, como Elfos e Anões, ou ter uma geografia recheada de florestas, vales e montanhas peculiarmente similares. Por mais que tentemos nos desvencilhar de analogias, fica constatado que quase sempre, quando se trata de literatura fantástica, tudo pode parecer clichê.


A Pura Criação - Tolkien, que é considerado o pai do gênero (ou sub-gênero, segundo os catedráticos e teóricos das academias, bebendo seus conhaques caros, de nariz arrebitado), não criou nenhuma dessas raças famosas, apenas as popularizou, trazendo-as da cinzas da idade média, da tradição oral e dos contos de fadas, adaptando-as a sua mitologia, dando aspectos mais adultos e sombrios, criando uma certa empatia entre os leitores e os personagens.

O problema é que os autores e leitores do século XXI apavoram-se com a presença das raças tolkinianas em outros livros, principalmente autores e leitores tupiniquins. É o medo do clichê. O status quo é que a inserção de uma raça ou um aspecto geográfico parecido automaticamente torna a história previsível, desinteressante. O que é um grande engano. Alguns dos livros mais desinteressantes e recheados de clichês já criados, chamaram atenção justamente por seus aspectos inovadores, por seus rótulos semi-visíveis e nada modestos de “Criação Pura”. Grande decepção. Criam mundos incríveis, raças a partir do zero, mas esquecem a trama, do contexto como um todo. O novo e o original não devem ser descartados! Mas também não se deve deixar o velho de lado. “A originalidade literária morreu com Júlio Verne”. Não se deve acreditar nessa citação. A Originalidade, como definição de Pura Criação, não existe. Agora, a originalidade como definição de visionarismo, essa nós vemos em muitas estantes pelo mundo.

O clichê existe, mas não é o maior mal da literatura fantástica. Na verdade, nem se deve considerar um mal. O maior mal é a arrogância. É o não beber dos clássicos do gênero, é não deixar-se influenciar por eles. No Silmarillion (obra máxima de Tolkien) há histórias lindíssimas, que, se não existisse Shakespeare, elas também não existiriam. O Clichê acaba se tornando um termo extremamente difícil de definir. É a cópia? O lugar-comum? Devemos fugir dele? Quem decide somos nós. Boa leitura.
Cogitare vis.
Por Gabriel Ferrão

Um comentário:

  1. Excelente postagem Débora.

    Muitas vezes nos deixamos tolher por receio de sermos vistos como reles imitadores.
    Pergunto-me se Charles Dickens ou Mark Twain em suas épocas não teriam passado por algo semelhante, se questionando "Teria alguém já escrito algo assim?"...
    Houve quem falasse que todas as histórias já foram escritas...
    Penso que uma boa história pode ser contada de uma maneira diferente.
    Torcida, distorcida, alterada, reciclada, repaginada, reescrita, refeita até sair algo realmente diferente (ou uma tremenda salada!).
    Vai de cada um, afinal em última instância é a mão do escritor (ou do cozinheiro) que dá o toque final.

    Um grande abraço!

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